O meu primeiro Portugal
Nasci em Guimarães, num castelo ao qual gosto sempre de voltar, pois foi esse o meu berço e a minha casa durante muitos anos da minha vida longa. … uma cidade bonita e acolhedora, onde a memória do passado que foi o meu se confunde com o presente que hoje vivo. … sempre bom podermos ver de novo o berço dos nossos primeiros sonhos, das noites de choro e de sono descansado, de ouvido atento aos sons da natureza e às palavras cantantes das lendas antigas. Hoje que já estou velho, gosto de ver em Guimarães a profundidade das minhas raízes nesta terra que é minha e nossa.
Passeio por aquelas ruas antigas e é a minha infância que reencontro, feliz por ter tanta coisa de que me consigo ainda lembrar. E as lembranças da infância são sempre as que mais tarde se apagam.
Há quem goste de se olhar no espelho e fique muito vaidoso com a imagem que ele lhe devolve. Eu prefiro olhar-me no mapa e perceber a forma que tenho, com o meu corpo esguio, na vizinhança do mar, que sempre foi meu amigo e meu confidente e me deu espaço e tempo para eu viajar e descobrir outras terras e outras gentes.
Olho para um velho mapa que gosto de desdobrar para ver onde estou e como sou e decubro os rios, as serras, as baías, as vilas e as cidades. … esse o retrato do meu corpo já envelhecido, mas ainda ágil, que tem muitas histórias para contar e muitas recordações para partilhar.
Sem nunca ter saído do lugar onde estou, espécie de viajante imóvel que aprendeu de cor as andanças do mundo não perdendo de vista a chaminé da casa onde nasceu, eu aprendi a falar outras línguas, a respeitar as crenças de outros povos e descobrir que mesmo quando se é pequeno em tamanho, se pode ser grande nos sonhos e nas ideias.
Apresento-me: o meu nome é Portugal e nasci como país no ano já muito longínquo de 1143, por vontade de um jovem nobre que quis, com talento político e vontade férrea, transformar em reino o condado herdado das mãos de seu pai, falecido quando era ainda uma criança que gostava de brincar e de sonhar com aventuras e conquistas.
Passeio por aquelas ruas antigas e é a minha infância que reencontro, feliz por ter tanta coisa de que me consigo ainda lembrar. E as lembranças da infância são sempre as que mais tarde se apagam.
Há quem goste de se olhar no espelho e fique muito vaidoso com a imagem que ele lhe devolve. Eu prefiro olhar-me no mapa e perceber a forma que tenho, com o meu corpo esguio, na vizinhança do mar, que sempre foi meu amigo e meu confidente e me deu espaço e tempo para eu viajar e descobrir outras terras e outras gentes.
Olho para um velho mapa que gosto de desdobrar para ver onde estou e como sou e decubro os rios, as serras, as baías, as vilas e as cidades. … esse o retrato do meu corpo já envelhecido, mas ainda ágil, que tem muitas histórias para contar e muitas recordações para partilhar.
Sem nunca ter saído do lugar onde estou, espécie de viajante imóvel que aprendeu de cor as andanças do mundo não perdendo de vista a chaminé da casa onde nasceu, eu aprendi a falar outras línguas, a respeitar as crenças de outros povos e descobrir que mesmo quando se é pequeno em tamanho, se pode ser grande nos sonhos e nas ideias.
Apresento-me: o meu nome é Portugal e nasci como país no ano já muito longínquo de 1143, por vontade de um jovem nobre que quis, com talento político e vontade férrea, transformar em reino o condado herdado das mãos de seu pai, falecido quando era ainda uma criança que gostava de brincar e de sonhar com aventuras e conquistas.
José Jorge Letria, "O Meu Primeiro Portugal"