terça-feira, 23 de junho de 2009

As fadas falam-nos de…Generosidade

A Primavera começava a despertar na Floresta Encantada e a macieira da Fada Hortença estava cheia de flores.
-Tenho a certeza que este ano a minha macieira vai dar
Frutos! – exclamou a Fada Hortença. – A árvore já está suficientemente crescida.
Entusiasmada, a Fada Hortença anotava num pergaminho tudo o que ia fazer com as suas maças. Quando estivessem maduras, ia guardá-las em montinhos para depois comê-las sempre que quisesse.
Já sonhava também com os sumos, compotas, marmeladas e bolos.
Mas isso, deixaria por conta da fada cozinheira que se movimentava melhor entre tachos e panelas.
Subitamente, a fada Hortença ouviu um barulho vindo de cima.Crac-crac! Crac-crac! Intrigada, subiu até á copa da árvore para ver do se tratava e deparou-se com dois pássaros que estavam a fazer um ninho num dos ramos.
-O que estão a fazer? – Perguntou a Fada, com um ar preocupado.
-Não vêem que estão a estragar as folhas da minha macieira!
-Desapareçam depressa!
Ofendidos, os pássaros partiram á procura de uma outra árvore sem dar um único pio.
A Fada Hortença respirou de alívio e acariciou com ternura os ramos da macieira. Crach-Crach, ouviu ela novamente um barulho…
Ao ver tantos buracos, a Fada Hortença ficou muito zangada.
-Saiam já daqui! – ordenou!! – por vossa causa, a minha macieira vai ficar doente e não dará frutos no Outono! E, sem frutos, não haverá bolo de maçã, nem sumos, nem nada!
Cabeça baixa, os esquilos fizeram as malas e partiram.
Passados três segundos, a Fada Hortença ouviu um novo barulho. Cri-Crac! Procurou à sua volta e depressa descobriu três das suas amigas a andar de baloiço, muito animadas, agarradas aos ramos da sua macieira.
- As três ao mesmo tempo! Vão partir os ramos da minha árvore! - gritou a fada Hortença.
Acabou a brincadeira!
O baloiço é meu e, por isso, a partir de agora, sou eu quem decide quem anda nele.
As três amigas voaram em direcção às margens do lago. Entretanto, a Fada Melissa, a cozinheira, estava a apanhar plantas aromáticas perto do tronco da macieira.
Quando estava a fazer raminhos de alfazema, tomilho e alecrim, apercebeu-se do ar descontente da Fada Hortença.
- Pois tens de comer outra coisa! A minha macieira é muito delicada e não quero ninguém por perto.
Nenhuma fada comeu sopa de tomilho ao jantar. Pouco preocupada com isso, a Fada Hortença insistiu que ninguém tocasse nas suas coisas e voltou a pensar feliz, nas suas maçãs e na grande colheita do Outono.
O Verão chegou finalmente à Floresta Encantada, mas este parecia nunca mais acabar.
De facto, quando se está sozinho o tempo passa mais devagar. A Fada Hortença começou a sentir a falta dos jogos, das gargalhadas, do chilrear dos pássaros e do zumbido intermitente dos insectos.
As flores da macieira começaram a transformar-se em maçãs maduras. Apesar disso, a fada sentia-se triste e solitária. Já ninguém andava de baloiço na sua árvore há tanto tempo! Além disso, ela já não tinha ninguém com quem partilhar os seus segredos e sonhos. Tinha sido muito egoísta.
Sem pensar mais, bateu asas e foi pedir desculpa a todos. Decidiram logo organizar uma grandiosa festa para celebrar juntos a colheita das maçãs.
A Fada Hortença sentiu-se muito feliz por estar novamente rodeada de gargalhadas, música e conversas.
Além disso, o bolo de maçã estava fantástico! De facto, tudo se torna melhor quando temos alguém com quem partilhar.

Inês